Gestão de cobranças

Inadimplência financeira: 9 dicas para cobrar devedores e evitar calotes

Publicado em . Atualizado em
Por João Vitor Possamai . Tempo de leitura: 26 mins
A imagem busca representar duas pessoas calculando inadimplência financeira. No cenário está um casal negro, o homem veste uma camisa verde e a mulher também. Ambos estão apoiando seus braços na mesa, visualizando os papéis que estão espalhados na superfície. Além dos papéis, na mesa tem um notebook e uma cesta com laranjas.

A inadimplência financeira é um problema grave, que pode, inclusive, levar ao fechamento de uma empresa. Afinal, não se trata apenas de uma dívida não paga, mas também dos investimentos feitos em matéria-prima, produção e entrega, além de despesas fixas e gastos com funcionários e fornecedores.

A longo prazo, ter que arcar com os custos da venda e ainda despender dinheiro com cobranças pode prejudicar muito a saúde financeira de uma empresa, independentemente do seu tamanho ou número de funcionários.

Se nada for feito, o problema pode se agravar ao longo do tempo e virar uma bola de neve.

Mas o que fazer se o índice de inadimplência financeira da sua empresa está aumentando dia após dia, especialmente durante a pandemia de covid-19? Neste post, você vai entender o que fazer para evitar a inadimplência e descobrir a melhor forma de cobrar clientes devedores.

O que é inadimplência financeira?

Inadimplência financeira é o não pagamento de uma obrigação financeira até a data de vencimento combinada, conforme define o próprio Banco Central do Brasil.

Então, sabe quando uma pessoa deixa de quitar um boleto referente à compra de um produto ou serviço ou atrasa o pagamento da fatura de cartão de crédito? Ela pode ser chamada de cliente inadimplente.

Quanto maior for a taxa de inadimplência financeira de uma empresa, maior será o tempo médio para receber dos clientes e, consequentemente, maior será o capital de giro necessário para manter o equilíbrio nas contas.

Assim, é comum que a empresa seja obrigada a antecipar outras vendas, recorrer a empréstimos financeiros ou solicitar concessão de crédito para tapar o furo no caixa.

Há vários motivos que levam uma pessoa a permanecer em débito, seja por desorganização ou devido a algum imprevisto financeiro. Vamos entender melhor como está o cenário da inadimplência no país e qual o perfil do inadimplente brasileiro?

Qual é o cenário da Inadimplência financeira no Brasil?

De acordo com a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em outubro de 2020 havia 10,8 milhões de famílias com algum tipo de dívida.

Desse montante, 4,2 milhões estavam inadimplentes e 1,9 milhão não tinham condições de quitar suas dívidas em atraso.

Em agosto de 2020, o endividamento alcançou o maior número desde 2010, com 67,5% das famílias endividadas. Nesse período, o número de inadimplentes também acompanhou a tendência de crescimento, com 26,7% das famílias com dívidas ou contas em atraso.

Por sua vez, o número de famílias que afirmaram não ter condições de realizar o pagamento das dívidas ficou estável, registrando-se 12,1% nesse mesmo mês.

Essa crescente já estava sendo observada desde o fim de 2018, acentuando-se em 2019 e agravando-se no início de 2020, durante a pandemia. No entanto, já em setembro e outubro de 2020, o cenário foi um pouco melhor, com queda em todos esses indicadores.

Cerca de 14% das famílias declaram estar muito endividadas, e os principais tipos de dívida são cartão de crédito, carnê e financiamento de carro.

 

De acordo com o Serasa, em abril de 2021 havia o total acumulado de 63 milhões de brasileiros inadimplentes. Considerando que a população brasileira gira em torno de 213 milhões de pessoas, é possível dizer que 3 em cada 10 brasileiros estão inadimplentes. O valor médio da dívida entre pessoas físicas é de R$ 3.938,00. 

Já entre pessoas jurídicas, o cenário é parecido. Ainda conforme dados do Serasa, no mês de abril de 2021 havia 5,9 milhões de empresas inadimplentes.

Considerando que há em torno de 17 milhões de empresas ativas, segundo dados do governo, isso significa que 3 em cada 10 empresas estão inadimplentes. O valor médio da dívida entre pessoas jurídicas é de R$ 17.693,70.

Perfil do Inadimplente Brasileiro

O inadimplente brasileiro comum é uma mulher de 38 anos, com ensino médio completo, moradora da região sudeste e pertencente à classe C, D ou E. É o que aponta uma pesquisa do SPC Brasil, referente a agosto de 2019.

Segundo o estudo, seis em cada dez inadimplentes são mulheres (58,2%), enquanto quatro são homens (41,8%). A maioria pertence à faixa etária de 25 a 44 anos (53,6%) e a idade média é 37,7 anos.

As classes C, D e E concentram 94,2% dos inadimplentes, sendo que um terço desses consumidores recebe de um a dois salários mínimos.

Em relação à escolaridade, 57,8% possuem até o 2º grau, 17,8% cursaram até o 1º grau, 19,6% possuem ensino superior completo ou incompleto e apenas 0,7% têm pós-graduação. 29,7% vivem em casas com três moradores, 20% com quatro moradores e 19,3% com dois moradores.

Entre os inadimplentes, 46,3% moram na região sudeste, 24,3% no nordeste, 11,5% no centro-oeste, 9,2% no norte e 8,7% no sul.

Portanto, podemos resumir o perfil do inadimplente brasileiro da seguinte forma:

 

Quando ocorre a inadimplência financeira?

Entre as principais causas da inadimplência estão o desemprego (33%), a diminuição da renda (23%) e o descontrole financeiro (19%), conforme mostra uma análise feita pela Boa Vista SCPC, referente ao 1º semestre de 2019.

E mais: 73% dos inadimplentes estão com mais de 50% da renda comprometida, 51% julgam que sua situação financeira está pior em relação ao mesmo período do ano passado e 36% constataram um aumento nas dívidas.

Apesar dessa delicada situação, 89% estão otimistas e esperam ganhar mais do que gastam no próximo ano em comparação ao atual.

Confira no gráfico abaixo os principais motivos que levam à inadimplência financeira:

 

Desemprego

Para se ter uma ideia, no trimestre encerrado em agosto de 2020, a taxa de desemprego no Brasil era de 14,4%, a maior registrada desde 2012, conforme aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua), elaborada pelo IBGE e divulgada pelo G1.

Em apenas três meses, o Brasil perdeu 4,3 milhões de postos de trabalho, contabilizando 13,8 milhões de desempregados, um aumento de 8,5% em relação ao trimestre anterior.

Diminuição da renda

Uma pesquisa do Datafolha, divulgada pelo G1, demonstrou que 46% dos brasileiros constataram uma redução na renda familiar provocada pela pandemia de covid-19. Os mais afetados foram os assalariados sem registro (61%), seguidos de empresários (56%) e autônomos (54%).

Embora a pandemia seja um caso excepcional, é muito comum que algumas famílias tenham parte de sua renda reduzida devido ao desemprego de algum membro ou a imprevistos, como gastos hospitalares, por exemplo.

Descontrole financeiro

Uma pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e divulgada pela Agência Brasil mostra que 58% dos brasileiros não se dedicam às próprias finanças.

Além disso, uma parcela considerável admite que faz compras por impulso: 33% nunca ou somente às vezes avaliam se realmente precisam de um produto, enquanto 45% nunca ou somente às vezes conseguem resistir às promoções e comprar somente aquilo que desejam ou precisam.

Quais são os tipos de Clientes Inadimplentes?

De acordo com o Serasa Experian, existem basicamente quatro tipos de devedores, conforme suas características e comportamentos. Entender essas diferenças é bastante útil para estabelecer o método de cobrança mais adequado para cada caso.

O devedor ocasional

O devedor ocasional é um cliente muito organizado, que evita atrasar o pagamento de suas obrigações, mas que se tornou inadimplente por causa de alguma situação muito específica.

Em geral, esse tipo de devedor costuma pagar o mais rápido possível, assim que percebe que está em débito ou quando a empresa entra em contato para cobrar o valor.

A cobrança desse tipo de cliente deve ser feita com atenção, já que normalmente ele não atrasa as contas e possivelmente está passando por alguma dificuldade que o impede de cumprir com o que foi acordado.

Para evitar os atrasos, é possível criar uma régua de cobrança e enviar uma mensagem poucos dias antes do vencimento, lembrando o cliente da existência daquela obrigação e da data de vencimento.

O devedor crônico

A principal característica do devedor crônico é a sua falta de planejamento e organização. Esse tipo de inadimplente costuma se esquecer das dívidas que possui ou até mesmo confundir o pagamento das contas.

Ou seja, é uma pessoa que, embora tenha a intenção de manter todos os seus débitos em dia, acaba atrasando por falta de preparo.

Esse tipo de cliente deve ser cobrado de maneira mais firme e com mais frequência. Por isso, é interessante investir em lembretes automáticos que avisem o devedor crônico que está perto da data de vencimento.

Lembre-se que, apesar de pagar as contas em atraso, esse perfil de inadimplente costuma ser uma importante fonte de renda para a empresa.

O devedor negligente

É o tipo de cliente inadimplente que não consegue se controlar na hora de contrair dívidas. Trata-se de uma pessoa que costuma gastar mais do que ganha e, dessa forma, depende de concessão de crédito para quitar suas dívidas.

Portanto, devido a esse descontrole, o devedor negligente representa, a longo prazo, um elevado risco ao negócio.

Para esse tipo de inadimplente, é necessário adotar uma abordagem de cobrança mais incisiva e ofertar condições de pagamento diferenciadas, com foco em recuperar pelo menos parte do dinheiro perdido.

O mau pagador

Por fim, o quarto tipo de inadimplente é o mais complicado e que pode gerar mais danos para a empresa: ele é o clássico mau pagador. Trata-se daquela pessoa que está acostumada a atrasar suas contas e não tem compromisso algum com o cumprimento das suas obrigações.

Além disso, não se importa em ter seu nome sujo, até porque provavelmente já está negativado. É o tipo de consumidor que vai contrair dívidas recorrentes se não houver recusa para concessão de crédito.

A forma mais eficiente de cobrar esse cliente é por meio do uso de recursos jurídicos. Caso contrário, as chances de receber são baixas. Com uma ação mais incisiva, é possível que esse cliente tenha receio de maiores perdas e decida negociar seus débitos.

Como a inadimplência financeira afeta as empresas?

Os efeitos colaterais da inadimplência podem ser drásticos e afetar o funcionamento, o crescimento e a visibilidade de uma empresa no mercado. Veja, em detalhes, o que pode acontecer em um cenário de inadimplência financeira, como lidar com essa situação e reverter um possível quadro financeiro negativo.

Problemas no fluxo de caixa

O processo de fluxo de caixa pode ser resumido no controle de entrada e saída de dinheiro. Enquanto a saída está relacionada a gastos, investimentos e custos, a entrada está relacionada principalmente à venda de produtos ou serviços.

A empresa precisa considerar que a inadimplência financeira compromete o fluxo financeiro da sua empresa. Isso porque, sem a entrada de dinheiro, ele provavelmente não terá condições de pagar as contas em dia.

Os valores recebidos à vista são usados para cobrir as despesas diárias, o que mantém as finanças em equilíbrio. Mas, e quando a venda é feita a prazo e há atraso no pagamento? Um fluxo de caixa ideal é aquele que mantém o equilíbrio entre entradas e saídas, considerando o lucro ao final de um período.

Portanto, registre todas as movimentações financeiras diariamente, para não correr o risco de deixar algum lançamento de fora. O ideal é iniciar as atividades de uma empresa com um bom capital de giro e alguma reserva financeira para emergências. Assim, mesmo que não cubra todo o saldo negativo, será possível amenizar o problema.

Falta de previsibilidade

Após o fechamento de uma venda, não há como prever que o cliente deixará de honrar o acordo. Por isso, é muito importante que você tenha pelo menos uma ideia do percentual médio de inadimplência da sua empresa, para que possa realizar o planejamento financeiro do seu negócio considerando essa informação.

Dessa forma, você já considera que parte dos clientes não vai realizar o pagamento, sendo mais assertivo em suas decisões.

Também é preciso ter cuidado na hora de conceder crédito, avaliando o perfil do comprador com critério, sobretudo, para valores maiores e parcelamento longo. A necessidade de vender não pode isentar uma empresa de ser preventiva e seletiva em suas análises.

Verificar o score do cliente e todo o seu comportamento durante o processo de vendas são medidas que ajudam a conhecer melhor seu perfil de consumidor e sua possível tendência à inadimplência financeira.

Dificuldade no relacionamento com o cliente

Ao identificar um caso de inadimplência financeira, muitas empresas acabam deixando esse elemento afetar o relacionamento com o cliente devedor. Não faça isso, afinal, antes de devedor, essa pessoa é seu cliente! Uma cobrança agressiva, além de afastar o consumidor, pode prejudicar a empresa caso ele resolva divulgar os métodos utilizados pelo seu negócio.

Muitas empresas perdem a oportunidade de reaver o dinheiro perdido por não investirem no treinamento dos profissionais designados para cobrança.

Embora não se justifique nenhum caso de inadimplência financeira, uma abordagem ruim pode desencadear uma série de eventos desfavoráveis para a empresa.

Já um relacionamento pautado na confiança e na transparência ajuda a criar vínculos e abertura para que juntos, empresa e cliente, cheguem a um acordo que seja razoável para as duas partes. Simplificar o recebimento, ao disponibilizar opções viáveis de quitação do débito, pode ser o caminho mais fácil de recuperar a dívida.

O passo mais importante para a adoção de medidas é entender o que levou cada cliente à inadimplência, e isso se conquista por meio de um bom relacionamento.

Prejuízos aos investimentos da empresa

A falta de dinheiro ou erros nas projeções de recebimento podem comprometer os planos de investimento na empresa. Como programar a compra de mais mercadorias e equipamentos ou a realização de qualquer tipo de melhoria, quando não há expectativa de entrada de dinheiro no caixa?

Sem o investimento adequado há um risco de estagnação e perda de posição no mercado. Empresas que não inovam e nem oferecem diferenciais sofrem com a baixa procura e a falta de fidelidade de seus clientes.

Ao pensar em investir, analise a carteira de clientes e o potencial de crescimento da sua empresa, sempre pensando na possibilidade de vivenciar a inadimplência em alguma etapa da sua trajetória.

Como calcular a inadimplência financeira da empresa?

O Sebrae disponibiliza uma planilha gratuita para que micro e pequenos empreendedores comecem a visualizar a inadimplência financeira da sua empresa de maneira mais fácil. Entre os indicadores que podem ser obtidos através da ferramenta estão:

  • Inadimplência corrente;
  • Inadimplência anterior;
  • Inadimplência acumulada;
  • Variação da inadimplência.

Outra forma mais simples e fácil de calcular a inadimplência financeira da sua empresa é contar com um software de gestão de cobranças, como o Asaas, que mostra automaticamente o número de clientes inadimplentes do seu negócio, além do número de cobranças previstas, recebidas e vencidas.

Como evitar a inadimplência dos clientes?

Já diz o ditado: é melhor prevenir do que remediar. E é assim também com a inadimplência financeira. Ao adotar algumas boas práticas, é possível sim reduzir o número de clientes inadimplentes e melhorar o fluxo de caixa da sua empresa. Pegue papel e caneta e anote as dicas:

Pare de vender fiado

É muito comum, especialmente entre os microempreendedores individuais, ter o hábito de vender fiado. Conforme o Relatório de Cidadania Financeira, elaborado em 2018 pelo Banco Central do Brasil, 42% dos MEIs respondentes realizam vendas dessa forma. Desse montante, 86% declararam já ter tido algum problema no recebimento dos pagamentos.

Como pode ser observado, vender fiado muitas vezes não vale o custo-benefício. Além de gerar insegurança para você e para sua empresa, é muito difícil recuperar o dinheiro desse tipo de venda, pois não há como comprovar a relação comercial entre as partes. Por isso, pare agora de vender fiado!

Fixe regras para quebra de acordo

Da mesma forma que você criou uma data de vencimento, também é necessário considerar a hipótese de que o acordo pode ser quebrado por falta de pagamento.

Sendo assim, ao estabelecer regras para quebra de acordo, você pode retornar todos os juros e multas que foram definidos e, ainda, conceder um parcelamento com condições mais apertadas, como um valor de entrada maior.

Entretanto, essas medidas devem estar bem claras para o cliente. Assim, você evita que ele afirme que não foi avisado desse tipo de coisa antes de ter firmado o contrato.

Tome cuidado ao conceder crédito

Antes de conceder crédito a um cliente, é interessante fazer uma pesquisa sobre o seu histórico no mercado. Essa pesquisa ajuda a ter um parâmetro a respeito da postura e do comportamento desse consumidor, facilitando a identificação de maus pagadores.

Deve-se considerar, primeiramente, os dados fornecidos pelo próprio Serasa Experian. Atualmente, existe um dado que chamamos de Score de Crédito. Trata-se de um índice alimentado por essa instituição, utilizando dados do Banco Central do Brasil.

Com o Score, a empresa ficará ciente do risco em conceder crédito para um determinado cliente. Assim, você terá mais tranquilidade nesses processos e poderá negar o pagamento parcelado para algum cliente que tenha um histórico de pagamento ruim.

Entretanto, é necessário ter cuidado quanto a esse processo. Afinal, como mencionamos no tópico anterior, a inadimplência financeira pode ter inúmeras causas e, em muitos casos, ela ocorre devido a problemas que não foram provocados pelo cliente.

Sendo assim, é possível que você deixe de conceder um crédito a determinada pessoa e acabe perdendo um cliente que poderia retornar e comprar várias vezes em seu estabelecimento.

Se for parcelar, peça uma entrada

Ao conceder crédito a um cliente com um histórico de pagamento ruim, solicite o pagamento de uma entrada que corresponda, pelo menos, aos custos de realização da venda. Porém, para isso, ainda é necessária uma análise apurada dos dados do comprador, principalmente aqueles fornecidos pelo Serasa.

Dessa forma, evita-se perder o cliente e, caso ele não cumpra com o acordo, você terá garantido o custo, que foi dado como entrada no dia em que foi concretizada a venda. Contudo, para que essa prática funcione, é necessário ter um bom controle de suas contas e dos custos envolvidos no processo de venda.

Ofereça benefícios para compras à vista

Por fim, caso o mesmo cliente tenha ficado inadimplente mais de uma vez com a sua empresa, o ideal é evitar fornecer créditos para ele. Ofereça, portanto, algum benefício para a compra à vista, como descontos ou entrega grátis, se for o caso.

Fazendo isso, você não perde o cliente, pois ele entenderá que a política da empresa é de proibir o crédito para clientes que recorrentemente tornam-se inadimplentes e ficará grato pela oportunidade de poder adquirir seus produtos com um bom desconto.

Envie lembretes a seus clientes

Como mencionamos anteriormente, muitos clientes deixam de realizar o pagamento de suas contas em dias pelo simples fato de terem esquecido do débito ou não possuírem uma boa organização das suas finanças.

Uma ótima forma de contornar isso é enviar lembretes para o cliente, notificando-o antes e depois da data de vencimento.

A prática de envio de avisos um ou dois dias antes do vencimento ajuda a lembrar aqueles clientes que têm um perfil menos comprometido e acabam esquecendo de cumprir com as suas obrigações nas datas previamente combinadas.

Por isso, ao realizar esse controle, você evita que algum comprador se esqueça de pagar uma fatura. Além disso, a prática contribui para que você entenda o comportamento de cada consumidor e avalie se o atraso está associado a um problema pontual ou a um padrão comportamental.

Como cobrar clientes inadimplentes?

Chegamos a um ponto chave em nosso artigo: a cobrança de clientes inadimplentes. O procedimento de cobrança deve ser realizado com o máximo de cuidado. Uma falha nessa etapa pode colocar a perder todo o trabalho de relacionamento que foi feito com o cliente devedor, fazendo com que ele não tenha vontade de resolver a pendência.

Em muitos processos de cobranças mal realizados, o devedor acaba acionando a Justiça por conta do tratamento inadequado ou exposição da sua situação de inadimplência financeira. Isso pode causar um problema sério para empresa, devendo ela, inclusive, reparar o credor por danos causados à sua imagem.

Por isso, é fundamental que a cobrança seja realizada seguindo alguns critérios que mencionaremos a seguir. Assim, você evita quebrar o laço de relacionamento que foi estabelecido e elimina o risco de passar por um processo judicial que pode ser penoso e gerar ainda mais custos para sua empresa.

1. Tenha certeza de que existe um débito

O primeiro passo é ter a mais plena certeza de que aquele cliente possui um débito vencido. Acredite, é muito comum que empresas cobrem seus clientes por valores que eles já pagaram ou por um débito que jamais existiu.

O resultado disso você já deve saber, não é verdade? Um bom processo judicial que, certamente, se converterá em uma condenação por danos morais.

Esse erro pode ocorrer devido uma falha na comunicação entre o sistema do banco e a baixa por parte do seu software ou, em muitos casos, esse trabalho é feito de forma manual, dando ainda mais margem para erros dessa categoria.

2. Informe o débito apenas para o devedor

Outro erro simples, mas que pode acarretar medidas judiciais por parte do cliente, é informar o débito para outra pessoa. Isso pode ser configurado como uma exposição indevida de questões pessoais que ferem a moral e a credibilidade da pessoa.

Sendo assim, a informação de débito deve ser repassada diretamente ao devedor. Em alguns casos, quando ele próprio autoriza uma pessoa a negociar com a empresa, é possível informar para um terceiro.

Entretanto, isso deve ser feito mediante declaração expressa do devedor e, de preferência, por escrito. É uma medida importante para resguardar a empresa de ser notificada judicialmente por expor dados confidenciais.

3. Seja cordial durante os atendimentos

A cordialidade durante os atendimentos é algo fundamental, afinal, mesmo que o cliente seja um devedor, você deseja que ele pague o débito de forma amigável e continue a adquirir produtos ou serviços em seu estabelecimento ou empresa.

O inadimplente não deve ser tratado como um inimigo, mas alguém que, momentaneamente, se encontra em dificuldade para arcar com seus débitos. A empatia é uma forma de dizer ao cliente que sua empresa está disposta a negociar e solucionar a pendência financeira, sem traumas.

4. Saiba negociar com os devedores

Mesmo quando um cliente deixa de pagar algumas faturas, é importante que você dê a ele a oportunidade de se regularizar, mesmo que isso signifique demorar um pouco mais para receber pela venda realizada.

Afinal, é melhor conceder um prazo maior para que o cliente pague as suas contas e, nesse período, evitar vender a prazo para ele, do que perder totalmente qualquer possibilidade de obter esses valores ou ter que recorrer a meios judiciais mais demorados para isso.

Sendo assim, a negociação entre cliente e empresa sempre deve ser um caminho a ser considerado, mesmo em casos de dívidas maiores. Assim, todos ganham e ambas as partes da relação poderão seguir suas vidas sem aquele peso na consciência.

5. Crie campanhas para regularização de débitos

Uma forma extremamente eficiente de reduzir a inadimplência de seus clientes é realizar campanhas periódicas de regularização de débitos. Nesse tipo de ação, você pode oferecer descontos efetivamente interessantes para que o devedor regularize a sua situação com a empresa.

Fazendo isso, certamente você terá um pico de recebimentos em um curto espaço de tempo, podendo reduzir substancialmente a quantidade de pessoas que devem na sua empresa. Além disso, as pessoas que regularizaram seus débitos podem voltar a comprar com você e ainda aumentar o seu faturamento.

Porém, para isso, é necessário tomar os cuidados que mencionamos no início deste artigo, evitando que o cliente que regularizou a sua situação volte a ter débitos em aberto na sua empresa.

6. Crie condições de pagamento adequadas

Também é necessário criar condições de pagamento adequadas às possibilidades do seu cliente. Não adianta, por exemplo, criar um parcelamento com valores altos e com liquidação total em poucos meses, sendo que o cliente não conseguirá pagar.

Portanto, o ideal é que a negociação estabeleça algo possível de ser pago, pois, caso contrário, não terá efeito algum e o seu cliente continuará como um devedor na sua empresa.

Você também pode criar uma condição diferenciada para quem realizar o parcelamento em um número menor de parcelas. Por exemplo, quanto menos tempo demorar em quitar o débito, maior será o desconto no percentual de juros incidentes sobre a operação.

7. Ofereça vantagens para pagamento à vista

Além das condições de pagamento parcelado, você pode oferecer um abatimento no valor dos juros para quem conseguir realizar o pagamento a vista, principalmente quando o valor devido for menor. Isso motivará o seu devedor a fazer o possível para realizar o pagamento à vista. 

Em muitos casos, o cliente consegue realizar o pagamento, entretanto ele não enxerga vantagem nisso e acaba parcelando o débito. Quando você reduz ou elimina os juros e multa de uma venda, cria nele uma disposição maior em resolver a pendência o mais rápido possível, o que é benéfico para o devedor, que desembolsará uma quantia menor em dinheiro, e para a empresa, que poderá receber seus valores com mais rapidez.

8. Acione ajuda externa

Em últimos casos, quando você já tentou negociar com um cliente inadimplente de todas as formas possíveis e, mesmo assim, não chegou a um acordo bom para ambas as partes, é possível acionar ajuda externa.

Uma forma de agilizar a recuperação do dinheiro é realizar a negativação do devedor no Serasa. Isso significa que o nome do cliente passará a constar no órgão de proteção ao crédito, evitando a contratação de novos empréstimos, financiamentos e vendas a prazo até que essa pendência com a sua empresa seja quitada.

9. Invista em tecnologia

Utilizar um aplicativo para controlar a inadimplência financeira proporciona mais agilidade na identificação de clientes devedores e maior controle sobre aqueles que realizaram pagamentos, principalmente quando se trata de acordos firmados para a longo prazo.

Utilizar aplicativos para ajudar na cobrança também é uma forma mais profissional de lidar com os clientes inadimplentes, evitando problemas com cobranças indevidas ou débitos que já foram pagos.

Além disso, esse tipo de sistema proporciona uma redução nos custos com processos de cobrança. Isso porque não será necessário perder tempo com ligações, enviando cartas de cobrança ou dirigindo-se até o devedor.

O sistema é capaz de fazer toda essa comunicação utilizando meios mais baratos ou gratuitos como o e-mail ou aplicativo de mensagens instantâneas. A maioria das pessoas está conectada o tempo todo, o que facilita o acesso ao cliente.

Como conquistar inadimplência zero com o Asaas?

Ao utilizar o Asaas, você terá mais agilidade no seu processo de cobrança. Afinal, a conta digital permite que você envie notificações automaticamente, via e-mail, WhatsApp e SMS, lembrando seu cliente do vencimento do pagamento. Dessa forma, é possível estabelecer uma régua de comunicação contínua e personalizada.

Além disso, através da plataforma Asaas, é possível realizar a negativação de devedores no Serasa, garantindo que, mesmo após as tentativas de negociação com o cliente, você receba o dinheiro pelo produto ou serviço ofertado.

O Asaas também conta com um dashboard com os principais indicadores de saúde financeira. Esse dashboard possui todas as informações que a empresa precisa ter para tomar alguma decisão referente às cobranças de clientes inadimplentes.

Sabemos que ninguém está livre da inadimplência financeira, a diferença está na forma como cada empresa decide lidar com o problema e propor soluções flexíveis para que o devedor tenha condições de sanar sua dívida e o caixa não fique descoberto.

Lembre-se: se você não cuidar do índice de inadimplência do seu negócio, o próximo devedor da lista pode ser você. Crie uma conta gratuita no Asaas e reduza a inadimplência financeira da sua empresa para zero!

Compartilhar:
Diretor Financeiro do Asaas. Formado em Finanças e Contabilidade pela New York University (NYU), possui mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro. Atuava como diretor no CPP Investments, maior fundo de pensão canadense, com quase 500 bilhões de dólares sob gestão. Já teve passagem pelo Macquarie, em Nova York, e pelo HSBC, em São Paulo.

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notebook e celular exibindo a interface do Asaas e a frente deles um cartão do Asaas.

Asaas: conta digital completa para sua empresa

Emita cobranças, faça transferências, pague contas e gerencie seu negócio em um único lugar.
Conhecer o Asaas